Estratégia Nacional de Defesa (Brasil)

Comentários encaminhados para o Jornal Brasil Econômico em 21/05/2010 em resposta à solicitação do jornalista Marcelo Cabral.

Qual o motivo da nova postura, prevista na Estratégia Nacional de Defesa? Qual sua opinião sobre ela?
A proteção dos grandes centros estava atrelhada a lógica do bombardeio estratégico, da proteção dos centros de decisão estratégico e aos polos de sustentação logística do esforço de guerra. Isso esta ultrapassado. A mudança de postura é consistente com a evolução global das causas possíveis de conflitos futuros. Veja que esse entendimento não valida conceitualmente essas causas, mas sim a análise política dos riscos que um conflito desdobrado de incidentes geograficamente centrados nas fronteiras pode trazer.

Quais pontos da fronteira o senhor analisa como mais vulneráveis? A Amazônia e o Pantanal entram nessa lista?
Não é uma questão de priorizar uma parte do país em detrimento de outra. A mudança é desde de um critério de segurança territorial, que tinha a manutençao da integridade territorial como prioridade, que, portanto, via a Amazonia como teatro de probabilidades de conflitos, para um critério de segurança humana, que tem como prioridade a preservação das estruturas sociais e de produção energética, e que, portanto, ve o Pantanal como espaço de possibilidades de conflitos. Comparar o Pantanal e a Amazônia dentro do mesmo critério é um equivoco. A prioridade para a Amazonia faz sentido em um cenário, o Pantanal em outro.

Quais medidas o senhor classifica como mais importantes nessa estratégia? Criação de uma nova frota no corte do país? Deslocamento de esquadrões para a região amazônica?
Nenhuma delas. A prioridade reconhecia é a construção de um sistema integrado de C4I-ISR para decisões centradas em redes, desenhado, executado e mantido em alinhamento com a potencialização da base industrial de defesa nacional. Sem isso, uma nova esquadra não adiciona valor e a região amazônica é indefensável.

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