Design Inovação

Projetos de Inovação Tecnológica
Os projetos de inovação tecnológica buscam sistematizar a concepção de produtos e processos que apresentem uma vantagem comparativa sobre quaisquer outros produtos e processos fundados em conhecimentos e técnicas anteriores àquelas que eles disponibilizam, tal como o contêiner, por exemplo, que inovou o transporte marítimo ao provocar uma redução nos tempos de estiva.
Tais projetos, enquanto uma atividade voltada para sistematizar procedimentos para a geração de inovações – sistematizar a produção de novas "idéias de contêiners" – estão enraizados nas práticas de análise de sistemas, pesquisa operacional e planejamento estratégico. Sob essa determinação, esses projetos enfrentam hoje o desafio de dar conta de demandas emergentes em um ambiente muito mais complexo que o de 50 anos atrás, quando aquelas práticas tiveram origem. Um ambiente dominado por tecnologias de informação, onde a enorme redução dos tempos de conexão entre nódulos decisórios acentua diferentes pontos de vista desenvolvidos a partir de perspectivas diferenciadas sobre problemas complexos.
O resultado prático dessa situação se reflete em produtos e processos não desenvolvidos eficientemente ou que, uma vez desenvolvidos, não produzem as taxas esperadas de sucesso (medidas em termos de lucro, eficácia militar, domínio de mercado, controle de área ou de espaço aéreo, mudanças comportamentais do público alvo, etc.). Em resumo, uma alta taxa de erros e insucessos, custos crescentes e taxas de crescimento dos resultados inferiores às esperadas (e possíveis). Note-se que isso não significa que não estejam ocorrendo inovações, mas sim que os custos dessas inovações são muito mais elevados do que o razoável ou adequado - principalmente para países em desenvolvimento e, mais particularmente, para o Brasil. Muitas vezes, a não-percepção dessa situação provoca a aceitação de uma dada taxa positiva de inovação tecnológica como satisfatória, quando ela, de fato, está aquém das potencialidades instaladas.
Esse artigo apresenta alternativas de inovação tecnológica mutuamente complementares – integradas em um constructo lógico denominado Diagrama de Futuros – que, para além da mera proposição de fazer algo melhor em um ambiente muito mais complexo, permite compreender as condições de possibilidade de se fazer algo diferente, de forma diferente, para gerar um resultado melhor ou então para criar a necessidade de algo ainda não existente mas que, quando disponível, tornar-se-á apreciado pelo valor que pode agregar.

Definições necessárias

O termo projetar (projeto) ganhou, ao longo do tempo, tal multiplicidade de entendimentos que a delimitação de seu escopo, quando aplicado aos projetos de inovação tecnológica, não pode ser considerado como de significado consensual. Por vezes, projetar se refere a uma proposta de controle de eventos futuros, ou então pode traduzir o processo de decisão sobre elementos de incerteza, ou ainda pode ser entendido como o processo de organização hierárquica das ações com um propósito definido. Embora esses entendimentos apresentem dois aspectos necessários ao conceito de projeto de inovação tecnológica - a formalização metodológica e a vinculação do resultado aos propósitos do ato de planejar - eles não evidenciam a existência de um processo criativo no projetar, bem como minimizam a significância da racionalidade no processo enquanto uma aplicação intencional do intelecto humano visando à obtenção de um resultado previamente delineado.
A definição observada ao longo de todo esse trabalho para projeto (projetar) será: projetar é o processo racional de criar opções articuladas com o sistema de decisões e expectativas que instruem seu propósito. Por seu lado, inovação deve ser entendida como sendo a concepção de um constructo - modelo mental - representativo de um produto ou processo com potencial para explorar possibilidades de produzir um efeito ou resultado que não pode ser antecipado sem a aplicação desse modelo.
No mundo militar esse constructo ganha o nome de concepção estratégica. Exemplo disso pode ser a idéia da defesa territorial articulada em torno de barreiras defensivas que orientariam o eixo de ataque adversário contra uma posição de força, tal como a idéia da "Linha Maginot". Quando aplicado ao mundo empresarial, ele é conhecido como "business model", uma noção representiva das idéias-chaves articuladoras de produtos e processos em torno dos quais um empreendimento é desenvolvido. Um "business model" típico é o desenvolvido por Chester Carlson que, no início dos anos 1940, concebeu um novo sistema fotográfico utilizando um tipo de placa metálica, um carregador eletrostático e uma espécie de pó negro que definia a imagem. O sistema produzia fotografias de qualidade limitada, mas tinha a vantagem de não precisar para a revelação de fixador, quarto escuro, etc. Apesar de inicialmente rejeitado pelo "business model" em vigor, Chester acabou convencendo a Battele Corporation a aperfeiçoar seu constructo; levando ao que hoje conhemos como Xerox Corporation.
Tal constructo tem como único propósito instruir a definição de futuras capacidades enquanto resultados esperados dos projetos de inovação tecnológica. Capacidade, nesse sentido, define a articulação de processos, produtos, informações e conhecimentos necessários e suficientes para gerar um efeito mensurável no ambiente. Trata-se, portanto, da habilidade de criar um determinado resultado sob condições pré-estabelecidas. A capacidade de prover defesa aérea, por exemplo, implica a existência de meios de detecção, processamento da informação, interceptação do alvo e avaliação de resultados, o que demanda um sistema organizacional, uma estrutura de comando e controle, e de um processo de tomada de decisão. De forma similar, a capacidade de atender a uma demanda social de deslocamento urbano de grandes parcelas da população implica meios de transporte, controle de tráfego, manutenção, etc.
Uma capacidade está – sempre – vinculada ao propósito final da organização ou de um departamento ou setor dessa organização na qual ela se aloja. O que implica uma axiologia de capacidade, indo desde aquelas que atendem aos objetivos estratégicos, passando pelos operacionais e táticos, até os de nível técnico. A estruturação de capacidades em uma hierarquia funcionalmente estruturada e sistemicamente articulada produz um arranjo de capacidade – um conjunto de capacidades sistemicamente articuladas por um propósito comum, para o qual os desempenhos e objetivos departamentais ou setoriais concorrem; desempenhos esses condicionados pelas condições do ambiente aonde eles irão desempenhar suas potencialidades.
Finalmente, é necessário compreender o conceito de sistematicidade, que no contexto dos projeto de inovação tecnológica define a aplicação intencional de princípios derivados da pesquisa científica – em si mesma uma inovação tecnológica relativamente recente, pode-se dizer. Até meados do século XIX, conforme em geral acordado pelos historiados da ciência, a sistematização da produção de conhecimento era praticamente desconhecida: invenções eram resultados de súbita genialidade de um ser estranho, recluso, meio romântico chamado inventor – não cientista. A necessidade do aumento exponencial das taxas de inovação tecnológica, para dar conta das demandas sociais projetadas, exige impor-se a lógica da pesquisa científica aos processos de inovação tecnológica, tornando-os uma disciplina que pode se ensinada nas universidades e praticada em laboratórios de pesquisa, visando produzir um resultado antecipadamente projetado.

Escopo de competência e alternativas de ação

Um projeto de inovação tecnológica transfere capital intelectual e recursos desde áreas de baixa produtividade e desempenho para outras que oferecem potencial para superá-las. A própria idéia de administração, definida por Drucker como "conhecimento útil", permitiu, pela primeira vez, articular diferentes qualificações em uma mesma organização, é uma inovação do século passado.
Delimitado por esse escopo de competência, os projetos de inovação tecnológica concorrem para aprimorar desempenhos e maximizar possibilidades de eficácia com os seguintes objetivos:
  • Auxilar na definição dos contornos do problema.
  • Prover foco e metodologia de trabalho.
  • Integrar conhecimentos através de fronteiras funcionais múltiplas e simultâneas.
  • Explicitar requisitos de avaliação e critérios de medida.
Esses objetivos evidenciam que os projetos de inovação tecnológica são orientados à aplicação de recursos atuais às alternativas competitivas de futuro, implicando incertezas e riscos. Ou seja, os projetos de inovação tecnológica assentam-se na formulação de hipóteses sobre o futuro - uma proposição antecipadora à comprovação de uma realidade, elaborada segundo alternativas de adaptação, modernização e transformação.

Adaptação

A adaptação busca maximizar a eficiência dos arranjos de capacidade existentes à novas demandas colocadas pelo ambiente. Sua ênfase está em prover uma resposta rápida e decisiva, utilizando variações nos produtos e processos elaborados segundo um constructo já validado.
A extensa utilização de contratorpedeiros de escolta construídos nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, por muitos países da América Latina, o Brasil inclusive (durante quase 50 anos), deve-se não só à excelência dos projetos daqueles navios mas também, e principalmente, a capacidade de adaptação que Marinhas detiveram em adaptar esses navios (embora com eficiência decrescente) às novas tarefas. Entretanto, um projeto de inovação tecnológica que se define como adaptador provavelmente terá dificuldades de aventurar-se para além da orientação dada por um constructo dominante, já que esses constructos incorporaram, pelo menos implicitamente, um julgamento da necessidade da continuidade – manutenção – das atuais estruturas organizacionais, de produção e de tomada de decisão.

Modernização

A modernização preenche o vazio deixado pelas limitações da adaptação, substituindo sistemas de produtos e processos que alcançaram seu limite de eficiência, criando possibilidades que antes não existiam. Os projetos de inovação tecnológica pautados nas possibilidades de modernização não se limitam a simplesmente repor capacidades desgastadas pelo uso, mas, sim na progressão dos arranjos de capacidade – onde cada ocorrência antecipa a seguinte com crescentes espectativas de eficiência. Note-se, entretanto, que cada nova ocorrência é uma variante desdobrada do mesmo constructo: o que é reconceitualizado são os produtos e processos que o constructo engendra, e não o constructo em si mesmo. Contêiners mais modernos continuam sendo contêiners.
A modernização introduzida pela propulsão por turbinas a gás em substituição a plantas propulsoras a vapor aumentaram significativamente o desempenho dos navios de guerra, possibilitando novos arranjos de capacidades (estruturas de força e estratégias associadas), mas, por outro lado, as turbinas mostraram-se inadequadas para propulsão de navios acima de certas especificações, onde a propulsão nuclear tem o seu lugar. Ou seja, a construção de navios com propulsão por turbinas a gás é derivada de uma propensão a navios [de escolta] dentro de dimensões que atendam a determinadas exigências de combate. Para além dessa dimensão, novos patamares de possibilidades são determinados pelas capacidades transformadoras da energia nuclear.

Transformação

A transformação emerge de novas formas de pensar, criando novos parâmetros para a avaliação da eficiência e eficácia dos resultados delas decorrentes. A transformação cria um diferencial de capacidade, tornando obsoletos todos os arranjos de capacidade que não estejam apoiados no novo constructo, independente de seus esforços de adaptação ou de modernização. A Blitzkrieg, por exemplo, utilizou a sincronização de meios blindados de alta mobilidade com o apoio aéreo para rapidamente penetrar em território inimigo, isolando bolsões de forças sem capacidade de reação.
A transformação elege a audácia criativa sobre a predizibilidade da repetição de padrões – mesmo que esses padrões sejam apresentados com outras características, resultantes da aplicação de tecnologias modernizadoras.

O Diagrama de Futuros

Não existe, ainda, uma teoria que fusione as cadeias de causalidade que determinam as alternativas de adaptação, modernização e adaptação em uma única cadeia. Elas possuem naturezas diferenciadas. Allport explica essa situação quando afirma que as cadeias de eventos que qualificam cada uma das três alternativas de ação apresentam tipos de ligação (leis de formação) distintas, que não devem ser confundidas ou substituídas umas pelas outras. Stevenson e Inayatullah afirmam a mesma coisa, o que, traduzido para o campo dos projetos de inovação tecnológica, determina a necessidade de se compreender as possibilidades das partes – cada alternativa isoladamente – para, então, se poder vislumbrar o potencial das cadeias de desenvolvimentos escondidas em seus potenciais combinados.
No mundo militar, as possibilidades combinadas de adaptação, modernização e transformação no Diagrama de Futuros provêem a lógica articulante da metodologia do projeto de força: a concepção e justificação racional e lógica dos arranjos de capacidade que viabilizem a consecução de objetivos de defesa sob uma ponderação de custos e riscos. Mas o Diagrama de Futuros não é uma exclusividade do mundo militar, ele pode igualmente explicar e antecipar ocorrências no mundo civil (evidenciando, cada vez mais, a permeabilidade das fronteiras entre esses dois mundos).
Desde os seus primeiros modelos, os automóveis incorporaram crescente número de inovações adaptativas que aumentaram sua eficiência, tais como motores de arranque, faróis elétricos e câmbios automáticos, aliados a melhores usinagens e melhores materiais na fabricação dos blocos e partes móveis, como camisas e pistões. Não há duvidas de que os automóveis ficaram mais eficientes, atendendo a demandas sociais mais exigentes, movidas por novos padrões culturais, ao mesmo tempo que esses mesmos automóveis ajudavam a moldar tais padrões. Entretanto, em meados da década de 1970, em grande parte motivado pelas chamadas "crises do petróleo", se pensava que as possibilidades de aumentar a eficiência dessas máquinas, em termos de melhores desempenhos e menores consumos, tinha sido atingida.
Era possível demonstrar teoricamente que o rendimento da razão de combustível por quilômetro/peso tinha sido praticamente alcançado e que qualquer novo aumento exigiria custos de tal proporção que inviabilizariam comercialmente o novo produto. Foi nesse momento que a primeira grande modernização nos automóveis teve lugar com a introdução de sistemas eletrônicos de controle da injeção de combustível, levando o limite de possibilidade para outros patamares de possibilidades, junto com outras possibilidades em termos de suspensão eletronicamente comandada, sistemas automáticos de compressão de combustão, etc.
A modernização implica uma mudança das "regras" que norteiam o projeto, desenvolvimento e avaliação de produtos e processos que atendem a uma demanda imposta pelo ambiente, ao mesmo tempo que influenciam esse mesmo ambiente. No caso dos automóveis, veja-se que a modernização introduzida com a eletrônica não alterou o conceito de carro, embora tenha impactado o mercado – fruto de um elaborado esforço de marketing – que criou no ambiente a demanda para esses novos produtos (assim como, paulatinamente, reduziu a oferta dos modelos tornados obsoletos).
Um esforço em explorar os limites das possibilidades de modernização é o projeto Eco-Marathon, patrocinado pela Shell, onde uma equipe francesa já conseguiu alcançar uma média de 10,705 milhas por grama de combustível consumido. Já a retomada das possibilidades transformadoras da transmissão de energia à distância – um constructo elaborado por Tesla - pode possibilitar novas formas de propulsão híbrida que alterará radicalmente o conceito de automóvel. As dimensões quantitativas e qualitativas de arranjos de capacidades tranformados demandam o repensar não somente das estruturas de produção, mas, também, de estratégias de ação, estruturas organizacionais e processos de tomada de decisão.

Ressalvas e precauções

O Diagrama de Futuros desvenda o "segredo" da inovação tecnológica, disponibilizando-o para qualquer instituição, de qualquer tamanho, em qualquer lugar. Nesse sentido, os projetos de inovação tecnológica definem as seguintes possibilidades práticas:
  • Modificação e extensão das capacidades atualmente instaladas, a fim de manter ou expandir a posição futura de vantagem comparativa dos arranjos de capacidade adaptados ou modernizados. Em termos civis, essa vantagem comparativa é medida, por exemplo, em termos de conquista de novos mercados. Já em termos militares, ela reflete melhores meios de defesa para a promoção de uma disuasão mais eficiente.
  • Promover a concepção de novos constructos, quando os benefícios de reengenharia de produtos ou programas de redução dos custos de produção não mais oferecem um relação custo benefício adequada. Neste caso, tanto em termos civis como militares, tais alternativas definem as possibilidades de transformação.
A difusão da televisão projetava, nos EUA, um colapso na venda de livros. Entretanto, a redefinição do tradicional conceito de livrarias em "supermercados de livros", onde o produto é tratado não como literatura mas sim como mercadoria de consumo de massa, concentrando-se na venda dos artigos "da moda", reverteu essa expectativa. As "Mega-Saraivas" sabiam o que estavam fazendo. No entanto, há certos cuidados a serem observados. A adaptação tende a gerar arranjos de capacidade imitativos, com retornos decrescentes em desempenhos, sem real potencial para modelar o ambiente. Um grande esforço de criatividade é necessário para vencer essa restrição, criando variâncias em produtos e processos a partir do constructo original.
Observadas essas precauções, é possível diferenciar se um projeto de inovação tecnológica pautado em adaptação está levando a uma solução simples, rápida e barata ou, então, se os resultados projetados são efetivamente inadequados, com o risco de acabarem degenerando-se em uma custosa seqüência de falhas, até que as resistências à mudança acabem sendo sobrepujadas pelas evidências da necessidade de modernização. A modernização, por outro lado, é freqüentemente vista como sendo propelida pela aquisição do "estado-da-arte" em equipamentos, quando a resposta pode estar na exploração de tecnologias que aumentem a interoperabilidade dos fatores de produção e efetuarem um reordenamento de processos de tomada de decisão. A modernização, entretanto, pode falhar em detectar oportunidades engendradas por novas maneiras de pensar. Particularmente num ambiente de rápidas mudanças, a modernização pode ser perigosamente míope diante de processos que ela mesmo disponibiliza, criando um movimento difícil de ser revertido – já que algo foi modernizado, então esse algo deve durar por um tempo significativo, quando, na realidade, ele já pode estar obsoleto durante o próprio processo de modernização. A modernização gera padrões de inovação incrementais, subordinados ao mesmo constructo. Mas mesmo o mais moderno produto sucumbe diante de outros transformados sob orientações emanadas de constructos mais eficientes.
A transformação, por sua vez, impõe desafios à liderança organizacional, exigindo persistência, valorização dos talentos individuais e coletivos e perseverança na alocação de tempo e recursos, antes que seus resultados possam ser claramente evidenciados. Entretanto, quando os resultados emergem, eles sobrepujam quaisquer possibilidades de emprego de outros arranjos de capacidades pautados no constructo anterior, dando início a um novo ciclo de geração de conhecimento útil – desdobrados nas possibilidades renovadas de adaptação, modernização e tranformação.
A diferença entre o conhecimento útil gerado por um projeto de inovação tecnológica e o mero palpite é um dos contrastes que o Diagrama de Futuro permite enxergar, tornando possível sistematizar a concepção de alternativas de inovação tecnológica em vez de esperar pelo aparecimento de novos gênios da humanidade na empresa ou nas Forças Armadas. O entendimento de Stanley Hoffman sobre estrutura das decisões exemplifica a necessidade de sistematicidade na produção de um conhecimento transformado:
"nada é mais equivocado do que assumir que as decisões possuem uma implacável vontade própria, que suas variáveis interagem como se elas próprias definissem o resultado a ser alcançado, que os participantes são dominados pelo sistema de tal maneira que seus movimentos são meras respostas aos seus ditames, ou exercícios em irrelevância, ou fadados à derrota se opuserem-se à lógica do sistema".


As possibilidades combinadas de adaptação, modernização e transformação, orientadas pela lógica do Diagrama de Futuros desdobram-se, naturalmente, em possibilidades práticas na formulação de diretrizes para um projeto de força nacional subordinado a Política de Defesa. Tal projeto de força, fundamentado nos princípios que instruem a busca de inovação tecnológica em seu sentido mais amplo, possibilitará a concepção e justificação das capacidades de defesa que o Brasil almeja sob uma ponderação de custos e riscos, e sua tradução em um conjunto harmônico de decisões integradas às diretrizes que regem a consecução das demandas de segurança e desenvolvimento nacionais.       

Breve conclusão

Toda prática necessita de um sistema articulado de conceito, mesmo que o praticante não esteja consciente de sua existência. A área de projetos de inovação tecnológica teve que tornar-se uma prática antes de ser reconhecida como disciplina. A própria idéia da moderna universidade, por exemplo, uma inovação tecnológica do diplomata prussiano Wilhelm von Humbold, formulada em 1809, visava sistematizar processos (educacionais) para capturar a energia intelectual liberada pela Revolução Francesa, a fim de produzir resultados úteis na luta contra Napoleão e com isso promover a liderança prussiana da Europa. A universidade era, portanto, um agente sistematizador de mudanças.
A metodologia do projeto de inovação tecnológica faz emergir a relação de mútua complementaridade entre as possibilidades de adaptação, modernização e transformação; com o que provê o referencial para o ordenamento hierárquico de metas estratégicas, operacionais e táticas. Uma vez compreendido, o Diagrama de Futuros transforma-se no motor lógico que sistematiza o emprego de tecnologia para criar tecnologia.